terça-feira, 20 de outubro de 2009

Virando a Mesa

Como diria Maverick a Eike, filho de peixe peixinho é.

Hoje, enquanto lia sobre o bombardeio que o Poder Executivo está promovendo contra o Agnelli, tomei um chá que parecia ter vindo diretamente da busca do tempo perdido. Um chá alá Proust. Lembrei imediatamente da minha juventude no Rio, de como eu já me vestia mal para as ocasiões sociais e, vividamente, me recordei de uma palestra ocorrida em 1997 (coincidentemente o mesmo ano da privatização da Vale).

Como temos certeza que o presente é um desenrolar do passado? Sinceramente não sei. Tem vezes que nem sei se o tempo existe. Será que esta onda temporal se esconde atrás de uma xícara de chá?

Mas a sutileza que nos dá esta idéia de continuidade também se esconde atrás de cortinas, de eventos sem registro ou de verdades ocultas. Acaba sendo difícil traçar as conexões e lembranças que nos levam ao conhecimento das intenções e estratégias de atores sociais.

Em 1997 eu havia sido convidado para uma palestra do Sr. Eliezer Batista, ex-presidente dinástico da Vale. Àquela época, me disseram que a FIRJAN tinha encomendado o estudo “Rio de Janeiro, Um Estado de Logística” diretamente a este senhor recém desempregado. Nos bastidores, o que realmente se ouvia era que o Eliezer ainda estava perplexo e sem rumo após o seu desligamento da Vale, ocorrido logo depois da privatização. Que o presidente da FIRJAN arrumara pessoalmente uma sala para o esvaziado Batista, um local para onde ir no centro do Rio. É completamente compreensível, quase mecanicamente, que Dinásticos não-inimigos se solidarizem em momentos de dificuldade. Napoleão soube disso quando fez suas guerras.

Inclusive, a menção às guerras vem bem a calhar. É impressão minha ou o Brasil se tornou algo tipo a Área Desmilitarizada do norte do Vietnã do mundo das finanças? Toda hora existe uma história de tomada agressiva envolvendo empresas significativas para nossa economia! Daqui a pouco a propriedade de um lote de ações vai ser decidida no Ultimate Fighting. Todo poder aos pitboys, os campeões da administração da Vale Tudo. Vale até envolver o presidente!

Mesmo assim, o Agnelli parece mais durão que se pensava. Logo logo apareceu em Minas apoiando o PSDB de Aécio, anunciando investimentos e assim tomando partido na briga presidencial do ano que vem. Será que isso irá angariar mais investimentos para a candidatura da oposição? Afinal, quando uma empresa de peso feito a Vale toma uma direção, acaba liderando outras a seguirem seu caminho.

Vamos acompanhar os próximos lances deste poker safado de perto. Afinal, uma economia mais liberal ou mais intervencionista é o que está em jogo.

Como diria o De La Soul, The stakes is high!